quinta-feira, 1 de maio de 2014

orelhas crepitam brasas de outubro






 tuomas pekkarinen funerium

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: o lince do silêncio atravessa a trilha sem ser visto & vê através das ramagens a luz negra da  nudez da beladona :

: o lince do silêncio é uma ponta de flecha sobre o tato da floresta antiga : espírito do tabaco, mestre das neblinas, senhor do nevoeiro :

: o lince do silêncio lambe a noite, lançando na madrugada sua língua de acalanto (à sua volta os gravetos / estalam) :

(mil narinas sentem teu alento arder como um arbusto)

: o lince do silêncio afia seus cinco sentidos no inverno : nas pontas de suas orelhas crepitam brasas de outubro :


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Rubens Zárate (Santo André, SP, 1959) publicou os livretos Pedra (1978), Barra (1978) e Medium Coeli, Campus Stellae (1980). Participou de Una Antología de Poesía Brasileña (Huerga y Fierro, Madrid, 2007). Poemas e traduções nas revistas Cult, Zunái, Germina, Mallarmargens, Cinosargo, Acrobata, entre outras. Historiador e antropólogo, trabalha como produtor cultural.

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